Pesquisar este blog

domingo, 23 de janeiro de 2011

Enem: Sistema de exclusão ou inclusão? Corrigindo redação do ENEM


Elypaschoalick faz uma reflexão sobre o Enem ser apenas mais um sistema de exclusão do Sistema Brasileiro de Ensino.

Este artigo foi publicado no
portal UIPI dia 22 de janeiro de 2011: http://www.uipi.com.br/coluna-educacao







Li uma reportagem com os seguintes dizeres: http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/01/20/estudantes-poderao-consulta-motivo-de-zero-na-redacao-do-enem-2010.jhtm


 “Cerca de 14 mil inscritos zeraram na redação este ano - o percentual está dentro do normal, segundo o MEC (Ministério da Educação).

As razões que eliminam os inscritos são: não marcar a cor do caderno de prova, marcar mais de uma cor de caderno de prova, fugir do tema proposto pelo exame. Ou, ainda, ter menos de dez linhas segundo o edital do Enem 2010.

Segundo o MEC, dos 14.848 candidatos eliminados, 13.562 não marcaram a cor do caderno de prova na folha de respostas ou marcaram mais de uma cor. No primeiro dia de Enem, 6.006 candidatos foram eliminados -- destes, 4.595 erraram a marcação do tipo de prova.”

Fiz as contas e restaram míseros 1286 alunos sem técnica para fazer redação ou seja, fugindo do tema ou escrevendo menos que 10 linhas.

Fiquei chocada com o vocabulário “normal” utilizado pelo MEC.

Fiquei pensando na diferença entre normal e comum.

Comum= Que acontece ou se encontra com frequência ou com facilidade ou que tem características que se encontram em muitos exemplares.

Normal=  conforme a norma, que aparece com regularidade, Estado habitual, conforme à regra estabelecida.

Que regra é esta e estabelecida por quem?

Para mim a regra é:

Alunos que frequentaram cursinhos onde há provões simulados e consequentemente estão acostumados com o processo de preencher gabaritos x alunos que deixaram de estudar a muito tempo, que não treinaram simulados, que ainda não concluíram o ensino médio...

Mais uma vez a diferença entre ricos e pobres na educação brasileira. 

Eu me submeti à prova do Enem e obtive nota 850 em minha redação.


Mostrei minha redação para três professores do ensino médio e estes me disseram que a nota poderia ter 
sido mais alta, pois havia coerência, estava dentro do tema, com um bom número de linhas...

Estou aguardando a tal revisão que o MEC disse que vai disponibilizar para aprender onde e o que melhorar.

Esta é uma característica de meu sistema de aprender: 

Colocar-me à prova, analisar as correções e comentários do que poderia ser melhor ou diferente.

Lembrei-me do dia em que, com 9 anos, pedi para papai fazer uma redação para eu concorrer a um concurso. 

Ele conversou, conversou comigo e me fez redigir seis diferentes redações sobre o mesmo assunto: A ÁRVORE.


 

Minha última produção foi:

“Um homem, uma árvore, um machado...
Um berço, uma mesa, um leito, um caixão...”

Com apenas estas duas linhas ganhei o concurso e até hoje guardo o pequeno quadro de veludo que recebi como prêmio.

Ainda bem que não havia edital exigindo 10 linhas no tal concurso de minha infância.

Reflexão final:

 _Será que um pai que no lugar de fazer a redação para o filho ensina-o a redigir, faz a diferença?

_Mas, como sobreviver em um país de analfabetos que tem seu sistema de ensino calcado na lição de casa?

_Que grau de estudo terá os 14.848 prováveis pais dos candidatos do Enem 2010?

"Não há vida sem correção, sem retificação." (Paulo Freire)
 MEC vamos fazer algo efetivo para ensinar os brasileiros e brasileiras construírem a capacidade de expressar suas idéias!!!!