Maria
Montessori, médica psiquiátrica, arquiteta, matemática e pedagoga italiana
declarou, por ocasião da segunda guerra mundial, a frase que é título dessa reflexão:
“Os pequenos abusos de poder legitimam os grandes!”.
Na
sociedade atual brasileira há pessoas que consideram ser produto de muita
inteligência “dar um jeitinho” para conquistarem o que desejam fazendo uso de
mentiras, subterfúgios e manipulações.
Com
a justificativa de que o mundo é dos espertos fazem uma inversão de valores
considerando como sinônimas as palavras esperteza e inteligência, assim como, o
que é desejo e o que é direito.
Alicerçados
nestes falsos significados de esperteza e direitos, os brasileiros contemplam cotidianamente
uma sucessão de fatos como passar à frente de pessoas que estão aguardando em
uma fila; arrumar emprego por indicação de amizade (QI – quem indica);
solicitar uma nota fiscal em maior valor do que o real serviço utilizado;
estacionar veículos em locais proibidos; burlar o sistema fazendário em relação
às declarações e pagamentos de impostos; chegar atrasados em compromissos e
outros.
Tais
erros, avaliados como pequenos acabam provocando, entre a população brasileira,
mais uma distorção conceitual entre o que é comum e o que é normal.
De
tão comuns e presentes em
diferentes situações sejam elas escolar, social, institucional, organizacional
e familiar as pessoas passam a considerá-los normais e não mais se indignam com abusos de poder, criando
assim o cenário ideal para a prática da corriqueira corrupção que se
apresenta hoje em meio aos que detêm
elevados cargos da administração pública dos bens comuns aos brasileiros.
Isto
vem comprovar a legitimidade que pequenos abusos oferecem aos grandes abusos de
poder.