Meu amigo José Pacheco sempre fala em seus trabalhos de formação de
professores: “O professor não ensina aquilo que sabe. O professor transmite
aquilo que É."
Minha mãe foi minha grande
professora. Há um fato muito significativo em minha carreira que quero
compartilhar com meus leitores neste dia das mães.
Mamãe, já falecida, era professora
alfabetizadora de adolescentes infratores internados em instituição no estado
de São Paulo. Dela recebi valores como dignidade, coerência, crença na
capacidade que as pessoas têm de se superar, se transformar e sobretudo a ser
uma educadora inclusiva.
Em 1968 voltei
de meu primeiro emprego chorando e resmungando que os meninos não me
respeitavam, que eu não sabia o que fazer com eles, e solicitando a minha mãe
uma sugestão pois havia no meio da turma uma menina com síndrome de Down de 7
anos que mal falava, uma adolescente esquisofrênica de 11 anos que arrancava,
chorando no meio da sala, seu absorvente íntimo pingando sangue e um menino de
8 anos que levava um canivete para me matar . Qual não foi minha surpresa
quando mamãe muito séria me disse:
“_Filha, o
melhor a fazer é ter dignidade! Vá lá na escola pedir demissão pois é
necessário pensar nas crianças e dar seu lugar para alguém que saiba o que
fazer com elas!”
Eu em meus 17
anos retruquei: “_Está louca, aqui em São Paulo capital, é tão difícil arrumar
emprego, vou pedir demissão? Que conselho mais doido!”
Então mamãe me
disse: “__Então, se não quer pedir demissão vá estudar mais um pouco, já que
você tem alunos especiais matricule-se em um curso de “Higiêne para
Professores” (Este era o nome do curso para aprender a ensinar aos excepcionais
naquela época).”
E lá fui eu me
inscrever e estudar em dois destes cursos: na Clínica Nosso Lar na Vila Mariana
e no Instituto Pedra Azul na Aclimação. Neles aprendi que a fé, a esperança, a aceitação do ritmo de cada
um, a persistência criativa e principalmente a comemoração de pequenas vitórias
são os ingredientes necessários para não praticar um ensino exclusivo.
Sábio conselho de minha mãe, pois até hoje em 2013 sou uma professora diferenciada graças aos progressos e conquistas de meus alunos da Escola Experimental Irmã Catarina da Aclimação e de São Caetano, que já trabalhava inclusão há mais de 40 anos atrás, e logicamente aos conselhos de mamãe: Maria Alzira Corrêa Paschoalick.
É Ely , vc lembrou bem. A mamãe foi realmente uma grande educadora. Ela sabia ser firme e dura como uma rocha , quando necessário , e ao mesmo tempo , meiga e suave como a brisa em dia de grande calor.E o principal , ela realmente investia amor aos outros.
ResponderExcluirBeijos de sua irmã
Maria Eliza