Este artigo foi publicado na coluna educação da UIPI - Portal
Comento
neste artigo sobre o quinto pacto proposto dia 24/06/2013 pela presidente e alerto sobre o
pensamento simplista de que com mais dinheiro obteremos melhor qualidade na
educação.
Cada vez que a presidente Dilma fala
em royalties do petróleo todo para a educação eu me arrepio e vejo nossas
divisas indo para uma Consultoria Americana ou algo similar que vai nos ensinar
a oferecer uma educação de QUALIDADE aos brasileirinhos e brasileirinhas!
Não sou contra o dinheiro do
petróleo ir para a educação! Isto é ótimo! Isto é excelente!-apesar de que
melhor do que isto é garantir que 10% do BIP vá para a educação - Mas o que
precisamos garantir mesmo é que o dinheiro destinado à educação não seja gasto
em implantação de sistemas que vêem do exterior ou mesmo revestidos de
“Sistemas de Ensino” brasileiros, já amplamente utilizados em redes
particulares de educação e em algumas prefeituras.
O que sou contra é que este
dinheiro sirva para reforçar este sistema de ensino brasileiro, que não
obstante tenha em seu alicerce uma excelente Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional - LDBEN, nº 9394/96 – está caótico, excludente, agressivo e falido.
Sou contra que este dinheiro
venha a solidificar um sistema que utiliza uma pedagogia do século XVIII, com
professores do século XX e alunos do século XXI.
Também não creio que... como um passe de
mágica... vem um sistema americano, como o já experimentado numa favela do Rio
de Janeiro, que solucione os problemas de ensinagem do nosso sistema... Muito
menos creio que o simples uso de móveis modulados, tablets ou lousas digitais
melhorem a educação deste país.
Desde 2011 quando li no Estadão:
“A Pearson é dona do Financial Times e passará a deter o controle dos sistemas
de ensino COC, Pueri Domus, Dom Bosco, Name e a gráfica GEB, a Logística e
Distribuição, e a Klick Net.” tenho dormido, com este cutelo de americanizarem
nosso sistema educacional, sobre minha cabeça.
Na ocasião escrevi: http://uipi.com.br/colunas/2011/01/07/tecnologia-na-educacao-i-sistema-de-ensino-ou-coletanea-de-apostilas/
De lá para cá crescem as notícias
de que esta e aquela prefeitura conveniou-se com este e aquele sistema
educacional oferecendo à população carente a mesma qualidade de ensino das
escolas particulares.
Qualidade?
Depois veio a “onda” da lousa digital: Parecia que em meus
ouvidos ecoavam sempre uma cantiga que dizia: “Moderno, de qualidade e atual
tem que ter lousa digital!” Desta feita tornei a escrever:
Agora, mais recentemente – 2013 -
tivemos a visita do Prof. Khan, proporcionada através da Fundação Lemann em
parceria com o Instituto Natura e o Instituto Península.
Junto a esta visita o MEC anunciou
que adquiriu (comprou, eu não soube de quem e nem por quanto...Se souberem me contem!) milhares de
tablets para distribuir aos professores e estudantes.
O que mais me surpreendeu na
época foi a dicotomia em que se encontravam os discursos do ministro Aloizio Mercadante
com o do professor Salman Khan.
Enquanto o brasileiro falava em
aluno, no contra-turno, na escola, sozinho, em seu tablet se auto-reforçando
cada vez mais no conteúdo ensinado;
o estrangeiro falava em professores usando
suas horas/aulas para se relacionarem melhor com seus alunos e em alunos
monitorando e interagindo com outros alunos e tendo também tempo de sobra,
graças às aulas nos tablets para humanizarem a sala de aula focada na relação
aluno/professor.
Realmente falavam línguas
diferentes.
Hoje, cada vez que Dilma fala em royalties
do petróleo para a educação me dá um
frio no estômago e me parece que estou no meio daquela piada em que o português
começa a comunicação de que sua sogra morreu dizendo: ”Sua sogra subiu no
telhado...” como ele aprendera a dizer sobre a morte de seu gato.
Sinto um frio na espinha, pois tenho
a impressão que nossa presidente está em rede nacional comunicando:
“Brasileiros e brasileiras, vamos gastar os royalties do petróleo pagando royalties
aos americanos para oferecermos a nossas brasileirinhas e brasileirinhos o
sistema americano de educação...”
Você já pensou cada cabeça do
ensino fundamental do Brasil pagando uns 250 dólares pelo direito de usar tal e
tal sistema de ensino?
Já disse o escritor educador
Rubem Alves: “É um equívoco pensar que com mais verbas a educação ficará
melhor, que os alunos aprenderão mais, que os professores ficarão mais felizes.
Como é um equívoco pensar que, com panelas novas e caras, o mau cozinheiro fará
comida boa. Educação não se faz com dinheiro. Se faz com inteligência”.
NAO PODEMOS PERMITIR SISTEMAS AMERICANOS PARA SALVAR A QUALIDADE DE
ENSINO DO BRASIL.
CHEGA DA SÍNDROME DO VIRA LATA QUE ENGOLE TUDO E MAIS UM
POUCO GOELA ABAIXO AUTOMATICAMENTE.
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