Tenho acompanhado pela
mídia uma verdadeira batalha judicial a respeito da legalidade ou não de
cobrança, por parte das escolas particulares, de taxas extras pela prestação de
serviços educacionais de estudantes com deficiências..
Para você se inteirar
mais sobre o posicionamento da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil); Sindicato
dos Proprietários de Escolas Particulares e outros órgãos pode ler notícias
referentes no link: http://www.inclusive.org.br/?p=28447
Tendo sido proprietária
de escola particular inclusiva por mais de 20 anos (desde o tempo em que a lei
não considerava as deficiências questões da educação e sim da saúde) compreendo
o investimento financeiro que a escola tem para capacitar seus colaboradores, contratar
cuidadores específicos, adaptar suas instalações e mobiliário para oferecer um
serviço de qualidade e VERDADEIRA INCLUSÃO ao estudante portador de uma,
algumas ou muitas necessidades especiais.
No entanto também compreendo que ter um estudante que traz, em seu dia a dia,
desafios educacionais, físicos, emocionais e sociais é um “cartão de visita” a
qualquer escola, pois a simples presença e interação deste indivíduo com os
ditos “normais” enriquece tanto esta instituição que a propaga elevando-a ao
patamar de “escola capaz de atender a
todos e a cada um”.
Por este segundo motivo,
inúmeras vezes, ao longo da vida de minha escola, 1972-1994, ofereci gratuidade
ou descontos significativos às famílias de tais meninos e meninas, por ter
conhecimento que as mesmas sempre estavam em labuta financeira para arcar com
os altos custos dos medicamentos, das camas e cadeiras especiais, dos aparelhos
fisioterápicos adequados, dos tratamentos dentários especializados, do
pagamento das fonoaudiólogas, psicólogas, neuropediatras e outros profissionais
que são necessários para a composição da rede que deve se formar envolta de
todos e de cada um dos estudantes. Aliás, acho que a luta deve ser também para
GARANTIR gratuidade nos diagnósticos, acessórios e demais cuidados citados
acima.
Após anos recebendo e
atendendo muitos meninos e meninas com descontos em suas mensalidades e até
gratuidade, posso afirmar que nunca me arrependi ou tive algum prejuízo
financeiro, pelo contrário, naquele tempo recebi diferentes respostas de pais
ao responder a clássica pergunta: “Por que escolheu esta escola para seu
filho?” entre elas destaco duas bem comuns: “Vi o trabalho que esta escola fez
com o fulano que está bem desenvolvido e tenho certeza de que o meu, que não
tem todos os comprometimentos dele, vai se desenvolver muito por aqui.”; ou
mesmo “Porque quero que meu filho aprenda a conviver com todo tipo de pessoas”.
Na época tinha o prazer
de atender estas crianças e capacitar a mim e a equipe para cumprirmos com o
conceito de inclusão que definimos assim: “O aluno estará incluso em sua
comunidade escolar quando apresenta constantemente progressos cognitivos e
progressos na construção de sua auto-imagem positiva; demonstrando que está
desenvolvendo a confiança em si mesmo, se relacionando socialmente com todos,
tomando consciência de si mesmo, construindo sua cidadania e conquistando sua
autonomia.”
Hoje tenho como
verdadeiro premio, o TROFÉU de saber que contribuí com a inserção e dignidade
de muitos cidadãos, pois TODOS NÓS E CADA UM DE NÓS temos MUITAS necessidades
especiais.
Como diz Maria Teresa
Eglér Mantoan “Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças.”