Este artigo foi publicado no portal UIPI na coluna educação
Elypaschoalick denuncia algumas atitudes políticas que prejudicam a criança e a família, mas auxiliam as estatísticas.
Era uma vez um arqueiro que recebeu do povo a incumbência de ser prefeito de uma bonita cidade.
Uma cidade plana, organizada, com um povo trabalhador, que para lá mudava à procura de novas oportunidades de serviço.
A cidade crescia, as crianças nasciam e ... Cresciam também.
O senhor prefeito, quer dizer, o senhor arqueiro, estava pressionado por uma tal “meta educacional”, que precisava ser alcançada.
Então, numa tarde de sol, o senhor arqueiro reuniu sua equipe e disse:
___É preciso colocar mais crianças nas escolas! Principalmente na faixa etária entre 4 e 5 anos.
O tal do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) diz que toda criança deve estar na escola...
e as leis obrigam o município a ser responsável pelas creches, pré-escola e o Ensino Fundamental...
e ainda por cima tivemos um grande prejuízo quando fomos obrigados, pela LDB (Lei de Diretrizes e Base) a substituir, para todos os maiores de 4 anos, as “tias” que brincavam com as crianças, que nos custavam um salário mínimo por 8 horas de jornada diária, por professores formados, que nos custam um pouquinho mais do que o salário mínimo, mas agora, por 4 horas/dia.
Mais do que depressa, a laboriosa equipe começou a criar estratégias para satisfazer o arqueiro: Análise da demanda reprimida (Apelido chique da famosa e antiga “lista de espera”); cadastramento telefônico; inscrição por internet...
Mas apesar das flechas lançadas, o alvo não era alcançado.
O senhor arqueiro reuniu a equipe e disse, já meio irritado:
__ É preciso, e urgente, aumentar as vagas para atender mais crianças.
Alguém ousou questionar:
__Mas como vamos aumentar as vagas sem construir salas... escolas... comprar carteiras novas... contratar novos professores?
Viche! Todos olharam feio para esse alguém, como se perguntassem:
__ Será que ela mora em Marte? Ou será bobona, que nem medo de ficar desempregada tem?
__Ah! Vai ver, ela tem coragem assim porque é bem casada...
(E logo lembraram de um outro fazendeiro ... ops... quer dizer arqueiro ... que já mandara por aquelas paragens e dissera que a professora não ganhava pouco e sim, era mal casada...)
Como manda quem pode e obedece quem tem juízo, logo após a “licença para tratamento de saúde” da colega questionadora, trataram de calar a boca e continuaram a pensar em estratégias para auxiliar o senhor arqueiro a atingir a meta:
remanejamento de vagas...
convênios com ONGs...
Muitas flechas foram lançadas.
O arqueiro chegou pertinho do painel em que estava a meta e analisou a situação.
Ficou bravo, colocou sentido de urgência em sua fala... disse que tivera uma idéia:
A partir daquela data estava proibido uma mesma criança, com mais de 4 anos, ocupar duas vagas públicas: Uma pela manhã e outra à tarde, principalmente se estudasse em duas escolas mantidas com dinheiro público.
Todos ficaram surpresos...
alguns pensaram: como que as mães que trabalham, geralmente 6 ou 8 horas, iriam fazer com seus filhos pequenos, agora com apenas 4 horas de aula?
Mas logo se calaram, pois a maioria aplaudia e considerava a questão MARAVILHOSAMENTE e INTELIGENTEMENTE resolvida.
Logo tudo foi anunciado... as mães murmuraram... reclamaram...
mas não se organizaram e ainda ficaram com medo de perder aquela meia vaga que agora seus filhos passariam a ocupar.
E sabem o que foi pior?
Ninguém comentou!
Ninguém falou!
Ninguém contra-argumentou!
Também, criança não é ninguém!
Mãe que trabalha... muito menos!
E acreditam? Nem os membros do legislativo, e do Ministério Público, que existem para vigiar e cobrar o executivo, protestaram.
Pelo contrário: aplaudiram, em nome da democracia, a estatística que DOBRARÁ O NÚMERO DE ALUNOS ENTRE 4 E 5 ANOS ATENDIDOS NO ANO DE 2011.
Durma com uma dessas!!!
Seria cômico se não fosse trágico.
Você quer memorizar ou explicar esta história para alguém? Observe estas gravuras. Como elas foram editada em Jerusalém para o PEI, Programa de Enriquecimento Instrumental do Dr. Raven Feurstein, sua sequência vai da direita para a esquerda.
Se você gostou da transcendência que eu fiz, e se em sua cidade também acontecem estes descalabros, divulgue este artigo entre seus contatos.
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Você tem toda razão neste artigo, e foi exatamente por isso que fui forçada a mudar desta cidade em busca de justiça e atendimento profissional e adequado para meu filho. Falo com experiência própria devido a grande decepção que tive ao ter procurado as autoridades desta cidade como: Ministério Público (promotoria), Conselho Tutelar, Secretaria Estadual de Educação, Delegacia de Menores,Imprensa (SBT), Polícia Militar e Civil, Secretaria Municipal de Educação para que tomassem providências em relação aos descalabros educacionais que escolas privadas e municipais fizeram com meu filho.
ResponderExcluirO que obtive como resposta? Arquivamento com a justificativa de que nada estava acontecendo. É a lei da mordaça para manter as reeleições.